Melhorando o Sono de Recém- Nascido

Já viu aquelas rotinas que têm minuto a minuto estabelecendo o que você deve fazer? Rotinas com horários rígidos e atividades inócuas como leitura de livros para bebês recém-nascidos são a norma nas redes sociais.

Se você está grávida ou com um recém-nascido em casa, provavelmente já se deparou com essas tabelas mirabolantes que prometem noites tranquilas, mas entregam muito pouco. Ou você nem sabe se entregam, porque não consegue seguir à risca!

Honestamente, com privação de sono, cheia de hormônios, peito rachando, você vai ainda se forçar, se arrastar para seguir uma tabela feita por sei lá quem na internet? Não se iluda, não se force.

Em casa, não segui nenhuma rotina de sono. E olha, a minha filha dormia (e dorme!) super bem, se comparado com os bebês de conhecidos. Foi sorte? Com certeza, mas acredito que em alguma coisa, ainda que mínima, eu acertei.

Compartilho aqui dicas valiosas que funcionaram para mim, mas lembre-se: cada bebê é único e o que funciona para um pode não funcionar para outro. Consulte sempre o pediatra do seu filho.

1. Janela de Sono: Observando os Sinais do Seu Bebê

Sim, existe a janela de sono, que é o tempo, por idade, em que o bebê consegue ficar acordado antes de ficar cansado demais.

Exemplo de tabela de sono extraída do site da Nuk:

Exemplo de janela de sono

Eu busquei respeitar as janelas de sono quando a nossa pequena era bem bebê (o que era fácil, porque a amamentação era livre demanda e depois mamar, ela dormia). Por outro lado, quando foi crescendo, eu percebi que colocar ela para dormir na hora que dava um soninho (igual as nossas mães faziam) dava muito mais resultado do que ficar engessada com um horário por causa da janela.

Aliás, quando me perguntavam como era a nossa rotina, as pessoas se espantavam. A livre demanda reinava.Tudo era espontâneo e eu estava bem tranquila. A vida era (e ainda é) uma grande surpresa.

2. O Bebê Dorme Enquanto você Dorme: A Dica de Ouro!

O recém-nascido não tem ainda uma boa diferenciação entre o sono do dia e da noite. Cabe a nós, mães e pais, auxiliá-los a entrar neste ritmo. Conforme as semanas vão passando, a tendência é que o primeiro “sono” da noite seja o mais longo (às vezes 3, 4 ou até 5 horas seguidas).

Tire proveito disso! Coloque o bebê para dormir na hora que você for dormir. Em casa, a gente fazia o “tanque cheio” da nossa pequena (final do dia eu amamentava às 18hs, 20hs, 22hs) e colocava ela para dormir no mesmo horário em que eu me recolhia. Há quem diga que é besteira fazer isso, mas super funcionou.

Agora, se você perceber que o seu bebê tem um sono maior em outro momento, coloque-o para dormir de forma que o seu primeiro sono coincida com o sono mais longo da criança. Afinal, você precisa otimizar o seu sono.

3. Amamente à noite na penumbra

O recém-nascido não enxerga muito bem. Então, se você acender a luz, ou não, não fará muita diferença para o bebê nos primeiros meses de vida. Para você, é outra história. A luz branca inibe a produção de melatonina, o que pode dificultar a volta do seu sono.

No começo, para não atrapalhar o meu sono e da minha bebê, comprei uma luz vermelha portátil para amamentar a minha filha da cama. Foi dinheiro jogado no lixo. Aprender a amamentar segurando uma luz vermelha na cama é frustrante para todos os envolvidos.

No final, na minha sala de casa, eu criei o espaço de amamentação. Tinha uma banqueta com jarra de água, copo, minha Hakkaa e fraldinha de pano. Em pouco tempo, percebi que eu preferia muito mais amamentar do sofá da sala durante a noite (que tem um apoio de pé super confortável) do que da cama.

Eu ainda aproveitava a poluição luminosa da cidade de São Paulo para poder amamentar, trocar fralda, tudo sem ligar uma única luz. Ficava escuro o suficiente para o meu corpo e o dela perceber que era noite e claro o suficiente para eu fazer tudo que precisava ser feito.

4. Faça “vista grossa”: Não interrompa o sono do bebê

O recomendado é que o bebê durma no quarto dos pais até 6 meses de idade.

Nesse tempo em que você tiver um coleguinha de quarto de 3,5 kg+, não tenha medo de praticar uma “cegueira deliberada”, ou melhor, “fingir que não ouviu o bebê chorando”. Muitas reclamações e até choro do bebê são do próprio sono da criança. Na hora que os pais vão resgatar o bebê chorando, acabam por acordá-lo, prejudicando o sono e o acostumando a dormir picado.

A minha dica, então, é fazer uma “vista grossa” para as primeiras reclamadas. No começo, pode ser apenas olhando a criança bem de perto para ver se é momento de “agir” ou não. Depois, você vai conhecendo melhor os sons que o bebê emite e, nas reclamações mais leves, pode esperar aqueles 30 segundos para ver se é momento de agir ou não.

Não deixe o seu recém-nascido chorando com a finalidade de dormir. Ele não tem a capacidade de se autorregular. O objetivo desse tipo de “espera” é não interromper o sono desnecessariamente.

5. Sono Profundo = Sucesso na Hora de Colocar no Berço!

Você percebe que o bebê está com o sono profundo quando você levantar o bracinho e ele cair que nem uma pedra. É neste momento que você coloca o bebê no berço. Para evitar que o bebê acorde, coloque a mão sobre o peito da criança e conte até 30. É um milagre o que esta técnica não faz.

O Estadão publicou um estudo que afirma que a melhor forma de colocar um neném para dormir era andar com a criança durante 5 minutos e depois esperar sentado 5 a 8 minutos antes de colocar no berço (confira aqui).

Honestamente, quando necessário, eu andava com a minha bebê e cantava, mas boa parte das vezes, o peito já induzia o sono e eu esperava uns minutos (depois de ela arrotar e dormir) para colocar no berço.

Sobre a troca de fralda: No início, a fralda é trocada após a amamentação. Depois, começa a não ser necessário. Então, eu sempre olhava a fralda antes de amamentar para garantir que, se ela não sujasse a fralda após mamar, eu poderia colocá-la no berço sem preocupações. Cada minuto vale ouro nesta fase.

6. Balançar para pegar no sono? Nem Pensar!

Balançar o bebê nunca esteve no meu radar como algo para não ser feito. Todo mundo balança bebê.

Só que no 4º dia de vida da nossa pequena, levamos ela à pediatra. Por algum motivo, a neném começou a chorar e o meu marido resolveu balançá-la para acalmar. Na hora, a pediatra mandou parar e disse: “você faz isso agora que ela tem 3 kg, imagina quando tiver 13kg e só se acalmar com você balançando”.

Na hora, a gente parou. E fomos mais longe, nunca balançamos ela para dormir e eu evitei dar colo “em pé” com o objetivo de acalmá-la. Às vezes, na calada da noite, no desespero, eu balançava ela dois segundos para ela acalmar e sentava de novo. Com o tempo, o meu colo, o meu abraço foram ficando suficientes para ela se acalmar e até dormir. Era ótimo para mim e para ela. Recomendo!

7. Cante e faça shhh para pegar no sono

Eu não sou muito fã de colocar músicas ou ruído branco para a criança dormir, há quem recomende fortemente. O meu principal receio é ter um impacto na audição da minha filha, pois algumas máquinas de ruído branco acabam ultrapassando o volume seguro, conforme este estudo publicado na Associação Americana de Pediatria. Por isso, acabei comprando e usando pouco, em noites de desespero, mas logo desligava com medo prejudicar a audição dela (precisamos normalizar a paranoia haha).

Então, o que eu fazia para a minha filha era cantar músicas de MPB que eu gostava. O bom dessa técnica é que você pode treinar canto sem vergonha, ninguém *com bom senso* vai falar que uma mãe que está cantando para um bebê está desafinando. Eu também fazia barulhos como “shhh” e batia de leve no bumbum dela. Tudo isso ajudava a acalmar para dormir.

8. Alguns dias São Ruins

Com 2 meses de idade a minha filha dormiu 3 horas em 24 horas. No desespero, enviei mensagem para a pediatra tentando entender o que poderia ser. Após ela fazer mil perguntas sobre eventuais sintomas da minha filha, chegou-se à conclusão que não havia nada de errado.

Como eu estava sozinha nessa noite, chamei reforço de uma das avós para vir dormir em casa. Foi a vovó pisar em casa, que a bebê dormiu. Depois, ela acordou nos horários normais de amamentação (acredito que 3 e 6 da manhã) como se nada tivesse acontecido.

Em contato com a pediatra no dia seguinte, falei que a filhota havia dormido logo depois da troca de mensagens e a resposta que recebi foi: “Oba, bebês têm dias ruins e sem explicação. Relaxe”.

A partir desse dia, todo dia ruim eu repito para mim mesma “Os bebês têm dias ruins e sem explicação. Amanhã vai ser melhor”. Pelo menos a paz de espírito vem.

9. Olhe para o Futuro: Metas Realistas para o Sono

No primeiro mês de vida, o objetivo é alimentar o bebê para que recupere o peso do parto e tentar amamentar (algo que pode ser muito difícil, não se culpe!). A partir do segundo mês, quando/se a amamentação está em ordem (assim esperamos) e o pediatra autoriza que a mamada noturna ocorra apenas quando o bebê acordar sozinho, é hora de pensar em uma “meta”.

A nossa pediatra recomendou estabelecer uma “meta” de a bebê acordar 0hs, 3hs e 6hs. E a gente chegou em 3h, 6hs e 9hs rapidamente. A bebê dormia às 22/23hs comigo e dava aquele primeiro estirão, o que me permitia dormir muito bem no começo, depois, íamos picotando o sono até 9hs.

Parece meio bobo, mas ter um objetivo factível ajuda a pensar em um plano para o futuro. A ideia não é se culpar ou tentar forçar, mas sempre refletir sobre o que pode ser feito para chegar mais perto dessa meta. Esse trabalho mental ajuda (e muito) a estabelecer planos para quando a criança for mais velha.

Conclusão

Em suma, sono não é o ponto alta da maternidade e paternidade nos primeiros meses. A sua principal meta é manter o pequeno serzinho vivo, limpo e bem alimentado. Como o tempo, o sono fica mais regular e as coisas vão ficando mais fáceis.

Confira aqui o o meu post sobre bebês mais velhos.

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