Já falei sobre como evitar birras em um post anterior. Agora, vou compartilhar alguns pressupostos que considero fundamentais para criar filhos respeitosos na primeira infância. Se você busca orientações práticas e reflexões sobre como educar crianças que sabem respeitar, este artigo é para você!
O Que É Respeito e Por Que Ele É Importante?
Para mim, respeito significa tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, além de reconhecer e valorizar a autoridade. Hoje em dia, vemos muitos pais querendo criar filhos fora da estrutura de autoridade, adeptos à horizontalidade e ao pensamento revolucionário. No entanto, eu entendo que a vida é repleta de hierarquias e regras que devem ser cumpridas.
Pense em situações cotidianas, como voar em um avião ou visitar um museu. Em ambos os casos, precisamos seguir regras rígidas para garantir a segurança e a ordem. Não há espaço para negociação com uma aeromoça sobre qual cabine você deve sentar no avião. O mesmo vale para um museu, não se pode tocar nas obras de arte. Por isso, acredito que é essencial ensinar os filhos, desde cedo, a respeitar ordens e a hierarquia. Não se trata de crianças subservientes, mas de criar pessoas que têm pensamento crítico, mas sabem também se portar com respeito.
Minha meta como mãe é criar filhos felizes, adaptáveis e capazes de lutar pelo que acreditam, mas dentro do contexto em que estão inseridos. Não quero revolucionários nem “paus mandados”. O equilíbrio entre ordem e autonomia é a chave.
Você é o Maior Exemplo de Respeito para o Seu Filho
Não adianta falar para o seu filho se comportar, não gritar, não de responder de forma grosseira, se você faz a mesma coisa com ele. O seu filho vai aprender se espelhando em você, muito mais do que te ouvindo. Por isso, pense em sempre adotar uma postura respeitosa com ele.
Veja, respeitosa não é o mesmo que leniente. Pelo contrário, você deve mostrar que tem amor próprio, ao não tolerar violência (como mordidas e tapas) e também mostrar que a sua palavra tem poder. Tudo preferencialmente com calma e plenitude (ajuda a manter os ânimos calmos e modela para a criança que gritaria e violência não resolvem os problemas).
Me lembro de uma cena de uma mãe que estava se desentendendo com a filha de cinco anos de idade. Começou um bate-boca (absolutamente desnecessário) e a mãe resolveu terminar com um “fala com a minha mão”. O que exatamente isso ensina para a criança? Na minha opinião, só que ser desrespeitoso é uma forma de encerrar um argumento.
Novamente, ninguém é perfeito. Às vezes a gente perde a paciência mesmo, grita, chora, tem vontade de dar uns tabefes. O importante é ter consciência que não é uma boa solução e procurar não agir em cima dessas emoções descontroladas, pois pouco têm a ensinar às crianças.
A Verdadeira Educação Positiva
A atenção que damos aos nossos filhos é o que guia seus comportamentos. As ações que reforçamos com energia são as que tendem a se repetir. Por isso, é fundamental focar nas coisas boas que as crianças fazem no dia a dia.
Por exemplo, sempre que possível, agradeço à minha filha por ser prestativa ao trocar a fralda, escovar os dentes ou guardar os brinquedos. Essas pequenas ações desejadas devem ser o foco da nossa atenção.
Claro, comportamentos negativos também precisam de correção, mas o segredo é não ficar remoendo o que deu errado. Corrija, oriente e siga em frente. Evite relembrar constantemente os erros da criança ou esfregar correções na cara dela. Foque sempre no que é positivo e construtivo.
Construindo Confiança com os Filhos
A confiança é a base de qualquer relacionamento, e isso não é diferente na relação entre pais e filhos. Ela é construída aos poucos, por meio de pequenas tarefas e responsabilidades que permitem avançar para desafios maiores.
Por exemplo, minha filha de 2 anos pode andar livremente no mercado e me ajudar a pegar as compras porque sabe que precisa ficar por perto e não pode fugir. Esse é um voto de confiança que deposito nela. Se ela quebra essa confiança, voltamos um passo atrás, como sentar no carrinho ou obrigá-la a segurar o carrinho o tempo todo.
Conforme a criança cresce, a confiança aumenta. Ela pode começar a ajudar na cozinha, cortar alimentos ou até usar ferramentas simples, como uma parafusadeira, sempre sob supervisão e após demonstrar responsabilidade e habilidade.
Confie no Seu Filho: Parta do Pressuposto da Boa Intenção
É essencial confiar que seu filho está agindo com boa intenção. Deixe claro o que é esperado dele e acredite que ele quer acertar. Nunca parta do pressuposto de que há má-fé.
Um exemplo prático: em casa, os giz de cera estão sempre à disposição. Quando vejo minha filha desenhando no papel, elogio. Se ela tenta desenhar no sofá, lembro-a firmemente: “Giz é no papel”. Na maioria das vezes, ela volta a desenhar no lugar certo, e eu reforço com elogios.
Se ela insiste em desenhar no sofá, dou um aviso claro: “Se você não brincar com o giz no papel, vou guardá-lo”. Se mesmo assim ela não obedecer, guardo os giz e encerro o assunto. Mais tarde, quando devolvo os giz, não relembro o ocorrido. Em vez disso, elogio quando ela desenha no papel e participo da brincadeira, mostrando que o comportamento adequado traz mais atenção da mamãe e diversão.
Consequências Imediatas e Participação na Correção
Para crianças pequenas, especialmente abaixo de 3 anos, a aplicação de consequências imediatas e a participação ativa na correção são ferramentas poderosas para ensinar responsabilidade e mostrar que ações têm consequências. Nessa fase, as crianças estão começando a entender o mundo ao seu redor e a estabelecer conexões entre causa e efeito. Por isso, é crucial que as consequências sejam aplicadas de forma clara, consistente e, sempre que possível, com a participação da criança.
Como Funciona na Prática?
Consequências Imediatas:
Crianças pequenas têm uma noção de tempo limitada, então é essencial que a consequência ocorra logo após o comportamento inadequado. Por exemplo, se a criança te deu um tapa, ela vai receber um não firme e a mão será segurada para que ela não faça de novo. Se ela voltar a bater, ela vai ser colocada no chão para não ganhe colo e não bata em você.
Se ela brinca com alguma coisa que não deveria, o objeto será retirado da mão dela e ela será avisada de imediato que aquilo não é brinquedo.
Envolvimento na Correção:
Em vez de simplesmente limpar a bagunça sozinha, envolva a criança no processo. Diga algo como: “A mamãe vai te ajudar a limpar” Mesmo que a criança não consiga fazer tudo sozinha, participar ativamente da correção ensina responsabilidade e a importância de cuidar do espaço que compartilhamos.
Linguagem Clara e Construtiva:
Use uma linguagem simples e direta para explicar o que aconteceu e por que é importante corrigir. Por exemplo: “Você derrubou água no chão, tem que secar”. Não vale a pena explicar demais as coisas para as crianças, pois elas não têm maturidade para compreender. Eu gosto de, no máximo, explicar que algo está quente, que é perigo ou que faz dodói para ela entender quando algo é situação de risco e ter noção da gravidade.
Evite a Humilhação:
O objetivo é ensinar, não punir ou envergonhar. Corrija com firmeza, mas sem gritos ou críticas excessivas.
Conclusão
Criar filhos respeitosos é um processo contínuo que envolve equilíbrio, atenção e confiança. Ao focar no positivo, estabelecer limites claros e confiar na boa intenção das crianças, podemos educar filhos que sabem respeitar regras e expressar suas opiniões de forma adequada.